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  • agosto 10, 2017

Produção de milho é a maior da história, mas preço é o pior desde 2010

 Colheita de milho em propriedade de Mato Grosso do Sul (Foto: Marcos Ermínio)

Colheita de milho em propriedade de Mato Grosso do Sul (Foto: Marcos Ermínio)

O milho safrinha contabiliza dois recordes em Mato Grosso do Sul: a produção é a maior da história e o preço médio, o menor desde 2010. A colheita mantém o ritmo do ciclo passado, mas a comercialização despencou pela metade. Como resultado dessas equações, há volume acentuado de milho colhido e ainda não vendido.

De acordo com o 11º levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgado nesta quinta-feira (dia 10), Mato Grosso do Sul deve produzir 9,41 milhões de toneladas de milho na segunda safra deste ano. O volume é 53,7% superior aos 6,12 milhões de toneladas colhidos no ano passado e o maior de toda série histórica da Conab, iniciada em 1989.

Como já dizia, no século XVIII, Adam Smith, quanto maior a oferta menor é o preço do produto. Mas a economia está muito mais globalizada que na época do filósofo escocês. Assim, além da expressiva oferta, o valor do cereal é puxado para baixo pelo comportamento do mercado internacional e, de modo específico, pela cotação do dólar. Com o recuo da moeda norte-americana frente ao real, o grão é depreciado.

“A cotação do dólar abaixo de R$ 3,20 e os prêmios negativos já levam à paridade de exportação para abaixo de R$ 26,00 a saca de 60 quilos no Porto de Paranaguá”, informou a Conab.

De acordo com o site Agrolink, a cotação do milho (saca de 60 quilos), na média deste mês, está em R$ 15,94 em Mato Grosso do Sul. São quatro meses seguidos de retrações. O valor caiu mais da metade na comparação com o preço médio de agosto de 2016, quando a saca estava cotada em R$ 35,57 – o recuo é de 55%.

O valor médio da saca do milho neste mês é o menor para o período desde 2010, quando estava em R$ 13,11, de acordo com o histórico do Agrolink.

Entretanto, segundo a Conab, as perdas na safra norte-americana podem impulsionar a recuperação dos preços. “Como houve um forte período de estiagem em algumas localidades do Meio Oeste dos Estados Unidos, acredita-se que haverá perdas na produção de milho estadunidense, podendo quebrar essa barreira de cotação”, afirmou a companhia.

Baixa comercialização – A combinação de muito milho e preços baixos desacelerou a comercialização em Mato Grosso do Sul. Conforme o acompanhamento feito pela Granos Corretora, a colheita chega a 58,33%, acima dos 57,66% registrados em igual período do ano passado. No entanto, as vendas, neste ano, correspondem a 31,52% da produção, menos da metade (em valor relativo) da parcela da mesma época de 2016 (64,25%).

Conforme a Granos, a colheita será ainda maior que a estimada pela Conab. A corretora projeta produção de 9,72 milhões de toneladas. Do volume total, cerca de 5,67 milhões de toneladas do grão teriam sido colhidos – considerando os 58,33%, verificados pela Granos.

Se for contabilizada a comercialização apenas da parcela colhida, estaria no aguardo das vendas volume aproximado de 3,88 milhões de toneladas do grão. Essa quantidade – que seria ainda maior (pois não está sendo considerada a venda da parte não colhida) – equivale a mais da metade de todo milho do Estado da segunda safra do ano passado.

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