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  • abril 18, 2017

Pesquisa cria biossensor para detectar cobre em cafeeiro

Biossensor baseado em um peptídeo representa um avanço na detecção de íons de cobre presentes na planta do café. Recém-desenvolvida por cientistas da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), a tecnologia inédita poderá proporcionar o desenvolvimento de sistemas portáteis para detecção desse metal na planta, o que hoje só é possível por meio de análises laboratoriais. 

Além das aplicações na detecção de contaminação ambiental e nos vegetais, o biossensor também poderá ser empregado na determinação de origem geográfica do café. Os íons metálicos já vêm sendo utilizados como marcadores para identificar a origem de produtos como vinho e café, segundo conta o pesquisador Marcelo Porto Bemquerer, um dos responsáveis pela tecnologia. “O Brasil é o maior produtor e o segundo maior consumidor de café, o que torna essencial a caracterização da qualidade e origem de produção desse grão”, avalia o cientista. 

O cobre encontrado no café vem principalmente de fertilizantes cúpricos e alguns defensivos químicos utilizados na lavoura. Em determinadas concentrações, pode ser tóxico e provocar alterações fisiológicas na planta.

No Brasil a detecção de íons metálicos ocorre mais comumente na água e no solo. Os métodos para determinar o cobre no solo e sua consequente biodisponibilidade pela planta existem, têm baixo custo e são eficazes, no entanto não são aplicáveis facilmente no campo porque são registrados em equipamentos de grande porte. No caso do biossensor, contudo, é possível fazer a análise até mesmona plantação, caso seja utilizado um potenciostato portátil e eletrodos impressos. Esta fase da pesquisa ainda está em andamento.

Vários estudos apontam que nanopartículas do metal podem liberar íons metálicos que contribuem para a toxicidade em tecidos vegetais. “A aplicação do biossensor para cobre no âmbito da nanotoxicologia é importante. Essa moderna área da investigação tem contribuído fortemente para o meio ambiente e agricultura. Além disso, a toxicidade para o homem não deve ser negligenciada”, diz a pesquisadora da Embrapa Clarissa Pires de Castro, que também participou do desenvolvimento da tecnologia.

Como funciona 

Para testar a aplicação do biossensor, a analista Gabriela Magarelli desenvolveu métodos seletivos de determinação de cobre para aplicação em sementes e frutos de plantas de café, que foram submetidos ao tratamento de fertilizantes cúpricos. As amostras serão comparadas com outras livres de fertilizante. Nessa fase da pesquisa, que encontra-se em andamento, é necessário determinar os parâmetros de validação do método, tais como o limite de detecção, a precisão e a seletividade do método. 

Os cafeeiros são suscetíveis a doenças causadas por fungos, que reduzem de forma significativa o rendimento da planta. Os produtores normalmente pulverizam a lavoura com fungicidas à base de cobre para evitar o problema, o que permite uma solução paliativa, causando impactos negativos no meio ambiente, nos custos com a lavoura e com a saúde.

Ambientalmente mais limpo
Do ponto de vista ambiental, o biossensor é uma das tecnologias que contribuem para a redução no uso de reagentes nas análises eletroquímicas, comparado aos métodos convencionais. Produtos selecionados a partir do dispositivo deverão ter maior valor agregado devido à comprovação e certificação de suas propriedades nutricionais e de ausência dos níveis de íon metálico tóxico acima do permitido. 

Os resultados obtidos nos testes de validação demonstram que a tecnologia deverá influenciar e abranger todas as regiões produtoras de café do Brasil, podendo ser utilizado por produtores rurais, instituições de pesquisa, universidades, órgãos de defesa do consumidor e na produção de dados na caracterização química de diversas espécies de café.

A pesquisa liderada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia foi iniciada em 2015 e será concluída no segundo semestre deste ano, envolvendo cientistas de outras três Unidades da Empresa (Café, Cerrados e Instrumentação) e a Universidade de Brasília (UnB). O projeto está inserido no Arranjo Agronano, liderado pela Embrapa Instrumentação (SP).

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