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  • outubro 5, 2022

Pesquisa aponta riscos do uso indiscriminado da pílula anticoncepcional

Pesquisa aponta riscos do uso indiscriminado da pílula anticoncepcional

Estudantes do CEUB entrevistaram mulheres do DF na faixa de 18 a 40 anos que revelaram fazer uso da pílula sem prescrição médica

 

A pílula anticoncepcional é um dos métodos mais utilizados no mundo para a prevenção da gravidez indesejada e para o tratamento de problemas hormonais da mulher. Marco da autonomia reprodutiva feminina, o medicamento possui uma série de efeitos colaterais leves e graves. Visando mostrar os danos causados no organismo de mulheres em idade reprodutiva, as egressas de Enfermagem do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Ana Beatriz Souza e Maynara Silva desenvolveram uma pesquisa científica para apontar os fatores que podem desencadear a trombose, condição que pode ser fatal.

 

O anticoncepcional oral apresenta uma alta carga hormonal em sua composição farmacológica, o que pode levar à ocorrência de diversos efeitos adversos, tais como: dores de cabeça, aumento do fluxo menstrual, diminuição da libido, podendo inclusive acarretar riscos, devido ao uso prolongado, tais como a trombose venosa e o acidente vascular cerebral. A trombose é um efeito adverso muito presente em pacientes que utilizam a pílula, devido às alterações na cascata de coagulação, que intensificam o risco de promover a formação de um trombo.

 

De acordo com pesquisa realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mulheres que usam pílulas anticoncepcionais têm risco de quatro a seis vezes maior de desenvolver tromboembolismo venoso do que mulheres que não usam contraceptivos orais. Nesse sentido, o que poucas mulheres sabem é que o uso indiscriminado de anticoncepcional traz riscos graves, que podem até levar a óbito. A maioria compra diretamente as pílulas sem conhecer outros métodos contraceptivos.

 

Para a egressa do curso de Enfermagem do CEUB Maynara Silva, muitas mulheres acabam aderindo à pílula mesmo com os riscos, por falta de orientação necessária: “Muitas dessas mulheres não recebem as orientações corretas sobre o uso do fármaco e começam a tomar por conta própria, sem prescrição médica, fazendo o uso do anticoncepcional de forma inadequada e por tempo prolongado”.

 

Ao desenvolver o estudo, as pesquisadoras entrevistaram, por meio de questionário eletrônico, mulheres de 18 e 40 anos, matriculadas em universidades do Distrito Federal. Ao todo, 189 entrevistas foram realizadas, sendo que, destas, 99 fazem uso de algum método contraceptivo há mais de seis meses. De acordo com a apuração, 88,9% desse grupo de entrevistadas optaram pelo uso da pílula, alegando fácil acesso. Já 4,4% das mulheres relatam que o método escolhido foi o intramuscular, 2,2% escolheram o DIU e 3,3% responderam utilizar outros métodos contraceptivos.

 

Orientador do projeto científico, o especialista em Farmacologia do CEUB Danilo Avelar alerta que para além dos efeitos colaterais que podem levar à trombose, a falta de informação e da prescrição médica pode ser uma agravante. “O estudo confirmou ainda que grande parte das mulheres têm conhecimento que os anticoncepcionais orais podem apresentar risco à saúde da mulher. Isso ocorre devido à ingestão de hormônios sintéticos, que podem alterar a ação fisiológica de várias substâncias e vias metabólicas do organismo”, complementa.

 

Para uma das autoras do artigo acadêmico, Ana Beatriz Souza, é essencial que a mulher, junto com o ginecologista, faça uma escolha consciente e adequada às suas condições. A pesquisa nos levou a reforçar a necessidade de avaliação do uso dos anticoncepcionais pela população feminina e correlacionar com o risco de trombose, uma vez que a doença é um risco eminente na população feminina”.

 

Danilo Avelar destaca ainda a importância de incentivar o ensino e palestras educativas a respeito dos diversos meios contraceptivos, proporcionando, assim, a escolha do método junto ao profissional de saúde devidamente capacitado (médico, enfermeiro e farmacêutico) para que melhor se adeque à realidade e ao organismo das mulheres. “Por meio de campanhas, exames e acesso à saúde e informação, as mulheres devem optar pelo uso adequado do fármaco, garantindo, assim, o preceito constitucional da dignidade da pessoa humana e da liberdade de escolha individual”, completa o especialista.

 

Trombose e outros fatores

De acordo com pesquisa realizada pela Organizações das Nações Unidas (ONU) intitulada “Tendências do Uso de Métodos Anticoncepcionais no Mundo”, 64% das mulheres utilizam algum tipo de proteção para não engravidar. No Brasil esse número sobe para 79%, segundo o documento. O estudo aponta que para cada 100.000 mulheres, pelo menos cinco casos de trombose estão relacionados ao uso de anticoncepcionais orais. Tabagismo, diabetes, obesidade e hipertensão arterial também podem potencializar riscos à saúde da mulher se associados ao uso de anticoncepcionais, sobretudo na faixa etária a partir dos 35 anos.

 

 

 

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