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  • agosto 14, 2024

Especialistas da USP analisam novo plano brasileiro de inteligência artificial

Especialistas da USP analisam novo plano brasileiro de inteligência artificial

Como um dos principais centros de pesquisa em inteligência artificial (IA) do Brasil, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, recebeu com entusiasmo o lançamento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, anunciado no dia 30 de julho durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI). Resultado de uma ampla consulta com especialistas, incluindo acadêmicos e representantes de diversos setores, o plano visa orientar o desenvolvimento e a aplicação ética e sustentável da IA no Brasil.

O professor André de Carvalho, diretor do ICMC, participou de duas reuniões no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), onde foram discutidas sugestões para o plano. Ele acredita que o PBIA terá um impacto significativo em várias áreas, incluindo o fortalecimento de instituições como o ICMC: “O plano trará benefícios significativos para o nosso Instituto, especialmente na formação de pesquisadores e no avanço de nossas pesquisas em inteligência artificial. Com o investimento em infraestrutura e a inclusão de desafios relevantes, o PBIA fortalecerá nossa posição no cenário global e impulsionará o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil.”

Para o professor Alexandre Delbem, do ICMC, a nova estratégia nacional de IA trouxe diretrizes mais claras e bem definidas em comparação com planos anteriores, que muitas vezes eram confusos ou contraditórios. “Essa mudança de postura é essencial para o avanço tecnológico”, diz.

Também professor no ICMC, Fernando Osório destaca a importância de o Brasil se posicionar estrategicamente no cenário internacional, colaborando com outros países, mas também defendendo seus próprios interesses e valorizando sua expertise em dados específicos disponíveis em língua portuguesa. “É crucial que o Brasil, ao buscar parcerias globais, não apenas contribua com seu conhecimento, mas também assegure que suas particularidades, como as características sociais, culturais e linguísticas, sejam reconhecidas e preservadas”, afirma Osório.

O Plano – Intitulada “IA para o Bem de Todos”, a proposta prevê um investimento total de R$ 23 bilhões ao longo de cinco anos, distribuídos em cinco eixos principais: infraestrutura (R$ 5,79 bilhões), formação e capacitação de pessoas (R$ 1,15 bilhão), melhoria dos serviços públicos (R$ 1,76 bilhão), inovação empresarial (R$ 13,79 bilhões) e apoio à regulação e governança da IA (R$ 103,25 milhões). Também está prevista a aquisição de um supercomputador que deverá figurar entre os cinco mais potentes do mundo, com capacidade necessária para atender às demandas de pesquisa em IA no Brasil.

Para Osório, embora o investimento seja significativo, surgem preocupações sobre a capacidade do Brasil para receber e operar equipamentos dessa magnitude, considerando as atuais limitações de infraestrutura. Delbem, por sua vez, acredita que os valores previstos serão insuficientes para alcançar os objetivos ambiciosos do plano: “Mesmo com esses valores expressivos, o investimento é em reais e já chega desvalorizado quando consideramos a inflação em dólar.”

A burocracia e a necessidade de um planejamento de longo prazo também são vistas pelos especialistas como obstáculos ao desenvolvimento do PBIA. “Áreas como a infraestrutura computacional exigem investimentos contínuos para se manterem competitivas. Sem uma visão estratégica abrangente, a alocação de recursos pode comprometer a efetividade do plano. Além disso, a burocracia pode gerar um descompasso entre o planejamento e a realidade tecnológica, impactando a gestão e a implementação do plano”, acrescenta Delbem.

Outro enfoque do PBIA é implementar uma infraestrutura energética renovável, com investimento previsto de R$ 500 milhões para 42 projetos, visando o desenvolvimento sustentável da IA no Brasil. Para Osório, essa estratégia é essencial devido ao alto consumo de energia necessário para processar a IA. “Se essa demanda não for suprida por fontes limpas, a IA pode se tornar insustentável”, explica Osório.

O PBIA também inclui a formação de pesquisadores especializados em IA como uma de suas prioridades, o que pode trazer benefícios significativos para o ICMC, que tem um dos programas de pós-graduação que mais forma profissionais na área no Brasil. “Poderemos oferecer valores diferenciados para as bolsas de pesquisa, o que ajudará a ampliar o número de pesquisadores em IA. Além disso, grande parte das propostas do plano serão implementadas nos dois centros de pesquisa em IA aplicada do ICMC. O plano também aborda desafios e problemas diretamente relevantes para nossas pesquisas em andamento, fortalecendo a importância científica e prática das áreas que já investigamos”, destaca o diretor do Instituto.

Para os professores do ICMC, embora haja desafios de implementação significativos, o PBIA  poderá contribuir com o avanço tecnológico e científico no Brasil, elevando sua competitividade internacional e sua relevância em questões econômicas, sociais e ambientais.

 

Fonte: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2024/07/plano-brasileiro-de-ia-tera-supercomputador-e-investimento-de-r-23-bilhoes-em-quatro-anos  (Gabriele Maciel, da Assessoria de Comunicação do ICMC/USP)

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