- maio 2, 2024
Com greve deflagrada, paralisação das aulas pode afetar mais de 25 mil estudantes da UFMS
Após nove anos, professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) deram início a greve na última quarta-feira (1°). O movimento visa a recomposição salarial, ou seja, a correção dos salários conforme com a inflação, além de melhorias nas condições de trabalho e educação pública de qualidade.
O movimento grevista nacional ganhou adesão de 39 instituições federais em todo o país, de acordo com um levantamento do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior). Em Mato Grosso do Sul, a greve pode afetar mais de 25 mil estudantes matriculados em 138 cursos na instituição.
Durante uma reunião realizada na terça-feira (30), a Adufms (Associação dos Docentes da UFMS) protocolou as orientações do Comando de Greve junto à UFMS e solicitou a suspensão do calendário acadêmico, proposta que foi veementemente rejeitada pela reitoria.
Na ocasião, o reitor Marcelo Turine destacou que essa reivindicação deve ser formalizada por escrito para inclusão na pauta do Conselho Universitário.
A paralisação das aulas depende de cada unidade e curso, mas nenhum docente/curso é obrigado a aderir à greve. Na sexta-feira (3), professores devem se reunir com a Adufms para votar a adesão à greve.
Também na terça-feira, a Fenasps (Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social) participou da segunda reunião da CPST (Mesa Específica e Temporária da carreira da Previdência, Saúde e Trabalho), onde o Governo Federal manteve a proposta de reajuste zero para o ano de 2024.
Grupo de trabalho acompanhará greve
Com a deflagração da greve, o reitor Marcelo Turine decidiu criar um grupo de trabalho para tratar do movimento grevistas dos professores, assim como realizado com o movimento de greve dos servidores técnicos-administrativos.
A decisão, comunicada pelo reitor na reunião com o Comando Geral de Greve dos Docentes da UFMS, contou com a participação de cinco representantes da universidade, nove representantes do movimento de greve dos professores e um representante do DCE (Diretório Central dos Estudantes).
Conforme a UFMS, O atual cenário de deflagração de greve nacional dos servidores da Carreira do Magistério Superior pode incluir os professores da UFMS no movimento de greve a partir desta quinta-feira (2).
Professores rejeitam proposta de reajuste
Em assembleia realizada no dia 23 de abril, o professor e candidato a reitoria, Marco Aurélio Stefanes, detalhou a proposta anunciada pelo Governo Federal, que prevê um reajuste entre 12,8%, para o primeiro nível da carreira, a 16,1%, para professores titulares.
“Em 2025 e 2026 houve uma alteração dessa proposta, de 9% em janeiro de 2025, e 3,5 em maio de 2026. Mantendo o auxílio de alimentação de 58%, auxílio-creche e auxílio de saúde que varia dependendo de algumas faixas”, explicou.
Além disso, o ministério da Gestão apresentou um reajuste nos steps, ou seja, nos aumentos concedidos com a progressão entre os diferentes níveis da carreira. O percentual atual é de 4,0% na progressão de professores das classes Adjunto e Associado. Com a proposta, o novo percentual será de 4,5%, contra os 5% solicitado pelo Andes.
A proposta anterior previa reajuste dos benefícios em 2024, 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026. No entanto, a categoria argumenta que a proposta para este ano não atende aos aposentados. Os docentes defendem ainda que o reajuste de 9% até 2026 aprofundaria as perdas.
“Chegaríamos em 2027 com praticamente o mesmo índice de perda. A proposta é inadmissível, mesmo que nos tivéssemos um baixo índice de perda, nos já sairemos com perdas em torno de 12%”, disse a presidente da Adufms, Mariuza Guimarães, durante assembleia.
Na nova proposta de reajuste e reestruturação, o Governo afirma que os aumentos salariais para os trabalhadores chegaria a 24,4% entre 2025 e 2026. Assim, atendendo a demanda das entidades.
“Considerando os 9% concedidos em 2023, os TAES terão reajustes variando de 23,0% a 35,6%, que superam a inflação esperada entre 2023 e 2026 e asseguram ganhos reais para os trabalhadores”, destaca a proposta.
Greve dos técnicos-administrativos
Desde o dia 14 de março, servidores técnicos-administrativos da UFMS deliberaram pela adesão à paralisação nacional da categoria. Em Mato Grosso do Sul, a greve atinge diversos setores da universidade, enquanto a categoria reivindica melhores condições de trabalho.
A UFMS conta com mais de 1.700 técnicos-administrativos que desempenham diversas funções como vigilante, auxiliar administrativo, psicólogo, assistente social, físico, etc.
Os servidores também reivindicam o reajuste salarial, que, segundo eles, está defasado em relação a outros setores do funcionalismo federal. Em contrapartida, o governo propôs uma oferta de reajuste de 9%, parcelado em dois anos (2025 e 2026) sem reajuste em 2024.
Conforme o Sista-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), a categoria pede reajuste de 10,5% em 2024, 10,5% em 2025 e outros 10,5% em 2026. As tratativas começaram em outubro de 2023. Em fevereiro deste ano, o Governo Federal enviou contraproposta de 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026.