- janeiro 12, 2017
Governo de MS vai cobrar repasse federal para construção de presídios
Rose Modesto comandará o estado por 20 dias (Foto: Leca/Assessoria da Vice-Governadoria de MS
A governadora em exercício de Mato Grosso do Sul vai participar do lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública com o presidente Michel Temer, na quarta-feira (18), com uma reivindicação debaixo do braço: o depósito de parte dos R$ 54 milhões que serão usados para construção de presídios no estado. Esse é um dos assuntos que serão tratados por Rose Modesto(PSDB), que substitui Reinaldo Azambuja (PSDB), de férias no período de 10 a 30 de janeiro.
Mato Grosso do Sul tem o dobro de presos em relação ao número de habitantes em comparação a outros estados, cerca de 600 para cada 100 mil habitantes. A principal explicação é o tráfico internacional de drogas.
Com mais de 1.500 quilômetros de fronteira com Paraguai e Bolívia, o estado tem 6.064 presos por tráfico de entorpecentes, uma parte significativa dos 15.549 presos. A capacidade dos presídios em funcionamento, no entanto, é de apenas 7.327 detentos. Os números são da Agência de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).
Em entrevista exclusiva ao G1, Rose falou também sobre os desafios que vai enfrentar nesses 20 dias, sobre o retorno da Caravana Saúde, principal programa do governo estadual e garantiu que a reforma administrativa do governador Reinaldo Azambuja não vai acabar com secretarias.
G1 – O governador Reinaldo Azambuja deixou para a senhora alguma missão durante essas férias de 20 dias? Ele deixou tinta na caneta?
Rose Modesto – A nossa prioridade é dar sequência aos projetos que já vinham sendo desenvolvidos. Entre elas estão algumas parcerias, como por exemplo com alguns municípios, como o convênio que anunciamos no dia 10, que vai ser assinado no dia 19 com a prefeitura de Campo Grande, que é o repasse dos R$ 25 milhões para a recuperação da malha asfáltica, tanto com tapa-buraco como com recapeamento. Recebi, também o prefeito de Nova Alvorada do Sul, que é sequência de um projeto que estamos fazendo, que é uma base do Corpo de Bombeiros. Nova Alvorada nunca teve. São 110 km de distância de Campo Grande e hoje que faz o atendimento, naquela região de Nova Alvorada do Sul, é o bombeiro que sai da capital. Sentamos com o corpo jurídico do governo e organizamos o convênio com o município para a base do Corpo de Bombeiros e também a possibilidade de uma escola de tempo integral, que é municipal, mas que vai ter uma parceria com o estado. Então, a nossa prioridade vai ser tocar esses programas, além de algumas agendas importantes. Eu vou lançar o programa das escolas de tempo integral em Dourados no dia 20, que é uma agenda também de algo que vinha sendo detalhado aqui, e no dia 18, uma agenda com o presidente Michel Temer e os demais governadores, sobre o pacto pela segurança nacional. Fora isso, os despachos aqui com os secretários com demandas do dia a dia. Vamos visitar algumas obras, inaugurar o Rede Solidária 2, no Jardim Noroeste, possivelmente no dia 13 de fevereiro. Também devo fazer uma viagem com o secretário Marcelo [Miglioli, de Infraestrutura], para visitar algumas obras.
G1 – O seu primeiro ato como governadora em exercício neste ano foi um encontro com o seu adversário nas urnas, o prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad. Isso tem um simbolismo para demonstrar que a senhora está aberta a conversar com todos os prefeitos?
Rose – O processo eleitoral, isso está muito claro para mim, ele terminou no dia 30 de outubro. Esse é o momento de unir forças para poder ajudar Campo Grande. O estado sempre teve essa postura de estender as mãos para os municípios. Em Campo Grande, nós também sempre estivemos abertos e agora, até pelo fato de conseguir dialogar melhor, vai ser mais fácil do governo ajudar a cidade, em diversas áreas, não só na infraestrutura. Foi feito um pedido pelo prefeito que foi eleito para nós avaliarmos a possibilidade do governo de reassumir os parques, pela dificuldade que a prefeitura tem de manter. Estamos abertos. Os projetos políticos ficam para o processo eleitoral. Para o mandato, essa harmonia é fundamental para o bem da população. Essa é a postura do governo do estado. Essa é a postura do Reinaldo [Azambuja, governador] e não seria diferente comigo, mesmo tendo disputado a eleição aqui em Campo Grande e tendo perdido as eleições aqui para o Marcos Trad.
G1 – O assunto do momento é a situação dos presídios. Mato Grosso do Sul tem o dobro de presos por habitante em relação a outros estados. Muitos deles são oriundos do tráfico internacional. Qual a sua visão sobre a responsabilidade do governo federal? A senhora terá uma agenda com o presidente Michel Temer sobre segurança, irá cobrar um ressarcimento?
Rose – Foi feito um compromisso do governo federal de fazer um repasse maior aqui para Mato Grosso do Sul para cobrir essas despesas. Hoje, um preso em Mato Grosso do Sul custa em média R$ 1.700 por mês. E esses quase 7 mil presos, dos mais de 15 mil que tem, são oriundos do tráfico. Essa responsabilidade é do governo federal. Então, foi feita uma conversa, houve parte desse repasse. O compromisso de R$ 54 milhões, que envolve a construção de três presídios. Estão discutindo ainda a questão das localizações, mas tem um projeto para Corumbá e possibilidade de construção em Dourados e Ponta Porã, tanto feminino como masculino e também e o semiaberto, que seria uma forma de podermos diminuir a quantidade de presos dentro de um mesmo espaço. A nossa capacidade é para 50% dos presos que existem. Esse é um grande problema. Graças a Deus, não tivemos nenhuma dificuldade aqui por conta da gestão, que foi feita no nosso governo. Os presos das facções estão todos separados. Isso impede que haja alguns problemas que têm acontecido em outros estados. Na quarta-feira, o que eu vou cobrar do governo federal é parte desses R$ 54 milhões que ainda não caiu na conta do governo do estado. Fora essa questão, vamos falar dos núcleos de inteligência, que o governo federal fez o compromisso de instalar, os primeiros foram instalados, e aumentar o número de homens da força nacional na fronteira. O secretário Barbosinha [José Carlos Barbosa, de Justiça e Segurança Pública] vai estar comigo. Nós já começamos essa tratativa, mas precisamos efetivar isso.
G1 – O carro-chefe do governo foi a Caravana da Saúde e agora terá uma segunda edição. A Caravana está em que fase do planejamento? Ela terá uma modelagem diferente, antes era mais voltada à área oftalmológica?
Rose – Agora, o nosso objetivo está sendo programado, a data ainda não está certa, mas para o mês de abril. Vamos trabalhar com foco na saúde da mulher, na área de oncologia e cirurgia vascular e vamos dar continuidade na oftalmologia. Sabemos que a Caravana vem para desafogar a fila que existe por atendimento. Os municípios são os responsáveis pelo atendimento diário e ir solucionando os problemas. Mas a grande questão hoje é que já existe um número muito grande de pessoas esperando por uma cirurgia, e na área de oncologia e vascular também tem uma demanda muito grande. Por isso, foi feito um levantamento e a Caravana deve vir com esse modelo para essa segunda edição.
G1 – As reformas administrativa e previdênciária, elas já estão adiantadas? Os projetos já estão prontos?
Rose – Ficou para o retorno do recesso da Assembleia Legislativa e, até lá, o governo vai definir, de fato, o que vai ser enviado. O secretário Eduardo Riedel, de Governo, que está cuidando dessa pauta, volta do recesso depois do dia 20, e o governador no fim do mês, para finalizar esses projetos e apresentar para toda a nossa equipe. O governador fará essa apresentação antes de encaminhar para a Assembleia Legislativa. Isso deve acontecer no início dos retornos dos deputados. A reforma administrativa, de pessoal aqui, o governador foi bem claro, que a ideia não é deixar de prestar nenhum serviço, mas otimizar a estrutura que já existe. É tentar fazer mais com um número reduzido de pessoas. Isso é inevitável, já começou, até por conta de algumas ações. A questão dos professores convocados, por exemplo, que tiveram que deixar de estar nas secretarias e precisaram voltar para as suas origens. Isso é uma ação que o governo teve que fazer agora. Vamos ter que nos desdobrar com um número reduzidos de pessoas e entregando para a população o que precisa ser entregue. Agora, não vão diminuir as entregas. A ideia é manter todos os serviços e não desconstruir isso, mas otimizar espaços. Tem algumas subsecretarias que podem ser reformuladas. O governador retornando vai apresentar com o Riedel para a nossa equipe.
G1 – Alguma secretaria pode ser extinta?
Rose – Secretaria não, nenhuma. Isso aí o governador já definiu que não. Ele fez isso no começo do governo, tínhamos 15 e reduziu para 13. Coisas que os outros governos não fizeram e estão fazendo agora, inclusive ajuste fiscal, tudo isso foi feito no início do governo, por isso agora não deve ter nenhuma pauta nesse sentido.
G1 – A senhora é educadora e Mato Grosso do Sul teve uma melhora no Ideb, mas o índice ainda está abaixo da meta. Qual a sua avaliação sobre o ensino e o aprendizado das nossas crianças?
Rose – Diante da realidade do país, Mato Grosso do Sul conseguiu subir um pouquinho, mas nós começamos, primeiro, valorizando o nosso professor. Nós pagamos o melhor salário do país. Temos cursos à disposição na área de formação, de qualificação, dos nossos profissionais. O administrativo foi uma discussão que nós fizemos e avançamos na remuneração e, agora, há uma disposição, de toda a equipe da Secretaria de Educação, de focar no pedagógico nesses dois anos. Talvez, a gente comece a colher melhores resultados agora, em 2017 e 2018. A curva é positiva. O caminho é mesmo o das escolas de tempo integral. Nós vamos avançar agora bastante. Tenho certeza de que no fim do nosso governo, se continuarmos valorizando o nosso servidor e investindo efetivamente para chegar na vida do aluno, essa melhora é inevitável. A melhora nessa qualidade vai acontecer.
G1 – Qual será o seu futuro político? Faltam dois anos para acabar esse mandato. A senhora pensa em disputar o Senado?
Rose – Na política, nós sempre brincamos que um dia é uma eternidade. E realmente é. O meu foco, neste momento, é estar ao lado do Reinaldo [Azambuja, governador], com toda a equipe de governo, podendo fazer um bom trabalho pelo estado. A consequência das boas ações irá direcionar para onde vamos. Neste momento não estou pensando em que cargo vou disputar e nem se vou disputar. O eleitor hoje acompanha muito de perto. Antes de pensar em um projeto político, é preciso pensar em um projeto de governo, em fazer um bom trabalho, em fazer as entregas. Nós vamos ser cobrados por isso. Se isso for positivo, é natural, vou estar preparada e ter a aprovação da população para disputar qualquer cargo. O foco meu é efetivamente no governo. Em 2018, o termômetro vai ser o resultado do trabalho que vamos entregar.